Alcoolismo na família: Que fazer?
Se tens amigos, vizinhos ou colegas do trabalho que sofrem por problemas ligados ao álcool, já se apercebeu, com certeza da gravidade das suas dificuldades.
O alcoolismo não atinge unicamente as pessoas dependentes do álcool, mas tem também repercussões na família, no seu conjunto, nas relações profissionais e privadas, assim como na sociedade em geral.
Há em Portugal cerca de 600.000 dependentes do álcool, e relacionados com estes, haverá cerca de 2.400.000 pessoas que vivem directa ou indirectamente as consequências da doença alcoólica.
Mas há, no entanto, soluções meios e pessoas que poderão ajudar os doentes alcoólicos e as suas famílias a sair dos seus problemas e reencontrar a esperança para todos.
O processo de resolução deste problema é constituído por 3 etapas:
Informação sobre a doença alcoólica;
Conhecimento e compreensão do papel de cada um no seio da família com problemas ligados ao álcool;
Procura de ajuda por si próprio e restantes elementos envolvidos no sistema família
A coisa mais importante a saber: O Alcoolismo não é uma fraqueza de caracter, nem um vicio, mas sim uma doença.
O alcoolismo é caracterizado por uma dependência do álcool ( etanol ), do ponto de vista físico e psíquico.
O indivíduo dependente perdeu a liberdade de se abster no consumo de bebidas alcoólicas, não conseguindo controlar o seu consumo; a necessidade de beber ocupa os seus pensamentos, modificando o seu comportamento.
Considera-se que se trata de uma doença complexa, em que as causa são múltiplas:
no indivíduo: no plano biológico genético e psicológico;
no meio circundante: a nível social e a nível cultural.
A dependência do álcool conduz a uma necessidade física de beber, provocada pela falta de álcool. A isto bem juntar-se a necessidade psicológica de consumir: O indivíduo dependente tem a ideia de não conseguir viver sem álcool.
O problema do alcoolismo não diz respeito apenas à pessoa que consome bebidas alcoólicas. Os membros da sua família, as pessoas mais próximas, são particularmente atingidas no plano afectivo e no seu quotidiano, sentindo-se tão desamparados como o doente alcoólico.
A dependência atinge toda a família, divide-a e isola-a do resto do mundo. Os sentimentos, os pensamentos e os comportamentos de cada membro da família são dirigidos para o consumo de bebidas alcoólicas pelo familiar dependente.
O alcoolismo é portanto, mais que um problema individual, na medida em que atinge a família no seu conjunto.
Considera-se muitas vezes “ doença do sistema familiar “: uma vez que cada um esta envolvido, quer no processo de desenvolvimento do problema, quer na sua resolução.
Para se sair da dependência do álcool, é preciso aprender a conhecer esta doença e desfazer mitos, falsos conceitos e ideias pré-concebidas.
Muitos dos consumidores sentem imediatamente efeitos agradáveis logo que ingerem bebidas alcoólicas: prazer, desinibição e conviabilidade.
No entanto a maior parte das pessoas que as consomem com moderação conseguem-no fazer deste modo durante toda a vida.
Para se beber sem perigo é indispensável a moderação.
Consumir moderadamente é beber de modo a não ter problemas, nem os criar nos outros.
Mas o álcool é uma droga que actua de maneiras diferentes, de indivíduo para indivíduo. Em certas situações e em certas pessoas, uma pequena quantidade de álcool basta para fazer desequilibrar no sentido da dependência.
A dependência física e psíquica caracterizam a doença alcoólica. Esta dependência só fica claramente visível quando se instala. Conhecer as diferentes etapas da doença pode ajudar a família a melhor compreender o que é o alcoolismo e tornar eficaz a ajuda a prestar ao doente e a ela própria.
Por razões diversas certas pessoas perdem o controle do consumo de álcool. Eles encontram no álcool efeitos tão particulares e vantagens tão importantes de ponto de vista psíquico e/ou social, que não conseguem prescindir dele. Daí resulta um consumo de risco. D e facto o organismo habitua-se ao efeito do álcool, assim como a vida social; muitas vezes arranjam inúmeros pretextos para beber em sociedade.
Quanto mais o álcool influenciar a vida do consumidor, mais facilmente se instalará a dependência. A tolerância aumenta, e ele bebe cada vez mais para sentir os seus efeitos. Vai-se afastando pouco a pouco dos outros e começa a perder interesse pelas coisas. Bebe diariamente, muitas vezes ás escondidas e luta para controlar o consumo. Alguns tentam definir os seus limites e conseguem deste modo viver alguns períodos de abstinência. Infelizmente estes períodos são geralmente de curta duração. Nesta fase o consumo começa a influenciar negativamente a vida do indivíduo, as suas responsabilidades e o seu ambiente familiar e profissional. Há assim um sério risco de alcoolismo.
O álcool domina a vida do indivíduo que se tornou totalmente dependente do álcool. Nesses casos bebe, para não sentir os efeitos da sua falta; o seu organismo tem necessidade de álcool para funcionar “normalmente”. O alcoólico perde as suas ambições, a dependência torna-o inseguro. As suas faculdades intelectuais diminuem, e tem medos não habituais, tornando-se desconfiado e retraído. A família sofre também as consequências dessa mudança.
O abuso do álcool, com o decorrer dos anos, vai causando inúmeros desgastes na saúde. O álcool é um tóxico para o organismo, destruindo células. Grandes doses, bebidas durante um longo período de tempo podem danificar a maior parte dos órgãos vitais.
A dependência instala-se de modo lento e insidioso. Ela pode, mesmo antes de ser reconhecida, ter já causado inúmeros danos, e até provocar em alguns casos, a morte. Esta degradação do corpo é felizmente reversível, ou pelo menos controlável, se o indivíduo parar de beber.
O cérebro é o órgão mais vulnerável: a percepção, a coordenação e as funções motoras deterioram-se. O indivíduo pode perder a memória.
Um alcoolismo de longa duração afecta o cérebro, o fígado, o coração e o pâncreas; aumenta o risco de cancro, e atinge também o sistema imunitário: as defesas orgânicas diminuem, tornando o indivíduo vulnerável a doenças graves.
Graves lesões orgânicas, cancros, doenças infecciosas, acidentes e suicídios podem conduzir a uma morte prematura.
As pessoas alcoólicas têm uma constante necessidade de justificar os seus excessos relativamente às bebidas.
Desenvolvem um mecanismo de defesa, a negação, que lhes permite ignorar que se tornaram dependentes do álcool. Podem assim afirmar que não têm problemas com as consequências desse consumo.
A negação é uma forma de esconder o problema a si próprio e aos outros. Com efeito ele faz batota com a realidade. É por isso que se ouve dizer que “...os alcoólicos são mentirosos“.
A negação é uma atitude muito comum, mesmo admitindo a existência de um problema, os alcoólicos atribuem a causa a tudo, menos ao consumo de álcool.
Por exemplo: “tenho problemas com o meu chefe, mas é porque ele não gosta de mim...”
Eles confundem muitas vezes as causas e as consequências:”...se nós não discutíssemos tanto, eu beberia menos”, assim, enquanto o alcoólico encontrar desculpas para continuar a beber, ele não conseguirá abordar o seu verdadeiro problema.