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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lembretes!

Boa tarde.
Lembro sobre os compromissos com o blog: Fazer postagens organizadas, com referências bibliográficas e  com o autor da postagem, lembrem-se também da estética.

Para atualidades, o limite das postagens será dia 15/04/2011 com o valor de 7,0 pontos.

Vocês estão de parabéns, o blog é um sucesso pois permite a descoberta e a divulgação do conhecimento. Valeu pelo primeiro desafio!

Abraços.

Classe C ganha quase 20 milhões de pessoas e passa a ser a maior do país

Salário maior e acesso a bens de consumo fizeram parte dos pobres subirem à classe média

Mais de 19 milhões de brasileiros migraram para a classe C em 2010 e esse grupo passou a representar a maior parcela da população do país. A pesquisa O Observador 2011, encomendada pela Cetelem BGN, empresa do grupo financeiro BNP Paribas, mostra que a classe média tem agora 101 milhões de pessoas.

Com a renda aumentando e o desemprego em queda, no ano passado o consumidor passou a comprar itens que permitiram que ele subisse na escada social. Veículos, eletrodomésticos e até a acasa própria fizeram com que essa fatia da população de menor renda passasse a ser considerada classe média.

As classes sociais utilizadas no estudo são as definidas pelo CCEB (Critério de Classificação Econômica Brasil), que leva em conta itens como posse de eletrodomésticos, carros e pela quantidade de banheiros na casa, por exemplo.

Em 2009, a pesquisa mostrou que a classe C representava 49% da população brasileira, e naquele ano mais de 30 milhões tinham passado das classes D e E para a C. No mesmo período, os que subiram para as classes A e B somavam quase 1 milhão.

A renda familiar do brasileiro cresceu de R$ 1.285 para R$ 1.557 entre os dois anos analisados. O maior aumento percentual ocorreu entre as famílias das classes A e B, cuja renda mensal familiar média foi de R$ 2.533 para R$ 2.983. Na classe C, esses valores passaram de R$ 1.276 para R$ 1.338. Entre o grupo D/E, esse valor foi de R$ 733para R$ 809.

Miltonleise Carreiro Filho, vice-presidente da Cetelem no Brasil, diz que os gastos dos brasileiros acompanharam o crescimento generalizado da renda em todas as classes. No ano de 2010, os brasileiros gastaram em média, mensalmente, R$ 165 a mais que em 2009.

- Em uma conta simples, só o aumento da renda da população das classes D e E entre 2009 e o ano passado significou mais de R$ 1,4 bilhão disponível para o consumo dessas famílias. É um dinheiro sobrando no orçamento para elas fazerem o que quiserem.

Consumo e otimismo aumentam

A pesquisa mostrou que os gastos dos brasileiros aumentaram em todas as categorias. As despesas essenciais (com supermercado, conta de luz, aluguel, etc.) aumentaram menos. O grande salto ocorreu em gastos com vestuário, seguros, prestação da moradia (a conta de um financiamento habitacional, por exemplo) e crédito bancário (empréstimos ou cheque especial, entre outros).

Para Marcos Etchegoyen, diretor-presidente da financeira, esses números mostram que o brasileiro passou a ter acesso a coisas que antes eram somente sonhos, entre eles a casa própria, e isso mantém a roda da economia girando de forma sustentável. Para ele, é um momento histórico.


- Em 2008 já falávamos do crescimento da classe C; em 2009 ela somava 49% da população, mesmo com a crise financeira. Com os dados de hoje, posso dizer, com certeza, que houve uma enorme mobilidade social no Brasil. Estamos passando por um momento histórico com o fim da pirâmide social [de renda]. Estamos vendo agora um losango.

O brasileiro, além disso, está mais otimista. Depois da crise, a avaliação sobre a economia do país aumentou muito em relação aos anos anteriores. Desde 2009, o otimismo é a palavra que define a expectativa do brasileiro em relação ao país, segundo a pesquisa.

O estudo divulgado nesta terça-feira (22) é feito todos os anos em 13 países e ouviu 1.500 pessoas em 70 cidades brasileiras (inclusive nove capitais) para avaliar os hábitos de consumo e a intenção de compra da população. No Brasil, o levantamento ocorreu entre os dias 24 e 31 de dezembro.


http://noticias.r7.com/economia

    Classe C lidera ranking de consumidores mais otimistas

    Pesquisa da ACSP mostra que satisfação com emprego e consumo está 7% maior em março


    A classe C lidera o ranking de março de consumidores mais otimistas em relação às compras e ao emprego, segundo o INC (Índice Nacional de Confiança), elaborado pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) em parceria com o Instituto Ipsos, divulgado nesta segunda-feira (11).

    Enquanto as classes mais altas e mais baixas tiveram queda na confiança, a classe C, intermediária, lidera com 163 pontos, uma alta de 7% em comparação com fevereiro. Na classe C, segundo pesquisa da Cetelem BGN, empresa do grupo financeiro BNP Paribas, divulgada em março, a renda familiarmédia é de R$ 1.338.

    No geral, o índice atingiu 157 pontos, numa escala de zero a 200. A marca é superior ao mesmo mês do ano passado.

    A pesquisa mostra, por outro lado, que o aumento do preço dos alimentos preocupa, em especial as classes D e E. Ele afeta com mais força as classes mais baixas, porque a comida representa uma parte maior dos gastos dessas famílias.

    A pesquisa, realizada mensalmente, também mostrou que uma boa parte das pessoas está otimista com o futuro da economia (45%) e com o emprego (46%).


    O efeito da alta dos alimentos já aparecia em uma prévia da inflação - o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1), divulgado pela FGV (Fundação Getulio Vargas). O indicador, divulgado na última quarta-feira (6), é usado para medir o impacto dos preços sobre as famílias com renda mensal entre um e 2,5 salários mínimos (R$ 545 e R$ 1.362,50).

    O aumento do IPC-C1 foi de 0,80% em março, avançando em relação a fevereiro - quando apontou aumento de 0,32%. Os preços dos alimentos tiveram a principal influência e dentro do grupo alimentação, os preços que mais subiram foram hortaliças e legumes - de 3,05% para 7,78%.

    O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), também divulgado pela FGV, da última semana mostrou que a inflação acelerou nas capitais de todo o país. A média geral ficou em 0,89% de aumento dos preços em relação à semana anterior. A capital que teve o maior resultado foi Brasília, com 1,11%.








    http://noticias.r7.com/economia/noticias/

    MEC: número de graduados por ano no País triplicou

    O número de graduados por ano no País triplicou em 10 anos, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com o ministério, em 2001, o número de graduados por ano era de 350 mil e atualmente a soma chega a 950 mil.

    "A modernização da universidade brasileira corresponde ao avanço da educação, nos padrões da evolução detectada pelos organismos internacionais, que colocaram o país como um dos três que mais avançaram na última década", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad.

    Haddad rechaçou os críticos que insistem em afirmar que a educação não acompanha o desenvolvimento econômico do País. "Dobramos as vagas de acesso, ampliamos a proporção de estudantes por função docente e investimos em inovações pedagógicas como os bacharelados interdisciplinares, entre outras ações", concluiu o ministro.

    Orçamento

    Quanto ao orçamento da educação, Haddad confirmou as promessas em termos de docentes, técnicos e obras na esfera do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

    "Quando há prioridade e vontade política, as universidades e institutos federais respondem aos desafios que o país precisa superar", disse, ao participar da inauguração da Escola de Ciência e Tecnologia da UFRN. O ministro salientou ainda que o MEC registra hoje cerca de 3,5 milhões de m² de obras. "O equivalente a 500 desses pavilhões de 7 mil m² que estamos inaugurando agora", disse.

    POSTAGEM LIVRE

    Irmão de Wellington diz que história

    da família em Realengo está “acabada”


    Parente contou que familiares de atirador tiveram que abandonar casa no Rio

    Um dos cinco irmãos de Wellington Menezes de Oliveira, o atirador que matou 12 crianças e feriu outras 12 no ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio, disse que a história da família no bairro está acabada.

    O irmão de Wellington, que mora em Brasília, disse que os irmãos do atirador que mora no Rio tiveram de deixar suas casas por medo de represálias.

    - Estamos sem chão. Toda uma história positiva que a família tinha junto aos vizinhos, infelizmente está assim. Tiveram que sair da casa por causa de atitude monstruosa, calculada [de Wellington]. Ele preparou isso e machucou muito a minha família. Nossa história em relação àquela área está acabada.

    O irmão do atirador conta que ficou emocionado quando soube da iniciativa de ex-colegas de Wellington de pintar a fachada da casa da família, no Rio, após ataque de vândalos.

    - Ficamos muito emocionados quando soubemos disso. Ex-amigos de colégio dele que levantaram essa bandeira. Nossa mãe era amiga de todo mundo ali.

    Foi a partir da revolta dos sobrinhos ao ver que a casa havia sido depredada que o cabeleireiro Marcos Gerbatim, de 47 anos, ex-aluno e pai de dois filhos, teve a ideia de mobilizar a vizinhança para pintar os muros da residência, que fica a poucos metros da escola, e cobrir o portão destruído a pedradas com folhas brancas.

    O irmão de Wellington afirmou que a família não tem intenção de providenciar um enterro para o atirador, pois o sentimento deles, no momento, está concentrado neles e nos parentes das vítimas.

    - Temos estrutura familiar, mas uma pessoa que planeja e faz o que ele fez... Minha família jamais poderíamos por nosso sentimento direcionado a ele. Nossa atenção está direcionada a nós, que estamos vivos, e aos familiares das vítimas.

    Entenda o caso

    Por volta das 8h de quinta-feira (7), Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, entrou no colégio após ser reconhecido por uma professora e dizer que faria uma palestra (a escola completava 40 anos e realizava uma série de eventos comemorativos).

    Armado com dois revólveres de calibres 32 e 38, ele invadiu duas salas e fez vários disparos contra estudantes que assistiam às aulas. Ao menos 12 morreram e outros 12 ficaram feridos, de acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Saúde.

    Duas adolescentes baleadas, uma delas na cabeça, conseguiram fugir e correram em busca de socorro. Na rua Piraquara, a 160 m da escola, elas foram amparadas por um bombeiro. O sargento Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, lotado no BPRv (Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário), seguiu rapidamente para a escola e atirou contra a barriga do criminoso, após ter a arma apontada para si. Ao cair na escada, o jovem se matou atirando contra a própria cabeça.

    Com ele, havia uma carta em que anunciava que cometeria o suicídio. O ex-aluno fazia referência a questões de natureza religiosa, pedia para ser colocado em um lençol branco na hora do sepultamento, queria ser enterrado ao lado da sepultura da mãe e ainda pedia perdão a Deus.

    Os corpos dos estudantes e do atirador foram levados para o IML (Instituto Médico Legal), no centro do Rio de Janeiro, para serem reconhecidos pelas famílias. Onze estudantes foram enterrados na sexta-feira (8) e uma foi cremada na manhã de sábado (9).

    O corpo do atirador permanece no IML. Ele ficará no local por até 15 dias aguardando reconhecimento por parte de um familiar e liberação para enterro. Caso isso não ocorra, o homem pode ser enterrado como indigente a partir do dia 23 de abril.

    Egito volta a reprimir manifestantes

    A praça Tahir, no centro do Cairo, voltou a ser cenário de conflitos. Duas pessoas morreram e pelo menos 18 ficaram feridas em enfrentamentos da noite de sexta-feira entre a Polícia Militar e manifestantes. Ontem, cerca de 200 pessoas permaneciam na praça em que começou a rebelião popular que derrubou o presidente egípcio Hosni Mubarak, em fevereiro, após quase 30 anos no poder. Os manifestantes pedem que Mubarak seja julgado no país por crimes de corrupção.

    A junta militar que governa o país disse que reprimiria manifestantes com "firmeza e força" para garantir que a vida voltasse ao normal no país.

    A justiça egípcia anunciou ontem a convocação de Mubarak e seus dois filhos, Alaa e Gamal, para que se defendam das acusações de corrupção e repressão das manifestações em janeiro e fevereiro, que resultaram em 800 mortos e milhares de feridos.

    Pouco antes, Mubarak falou pela primeira vez desde que deixou o poder. Em mensagem de áudio, negou que ele e sua família tenham dinheiro roubado do Estado em contas no exterior.
    bibliografia:
    http://www.destakjornal.com.br/

    Grã-Bretanha: trégua na Líbia deve cumprir condições da ONU



    LONDRES (Reuters) - Qualquer proposta de cessar-fogo na Líbia deve estar de acordo com as condições estabelecidas pela ONU, disse nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague.

    "Não deve haver nenhum cessar-fogo que não esteja completamente de acordo com as condições das resoluções do Conselho de Segurança da ONU 1970 e 1973", disse ele.

    "Qualquer coisa que fique aquém disso será uma traição ao povo da Líbia e será usado pelo regime que anunciou duas vezes cessar-fogo sem nenhum efeito desde que começaram os combates", afirmou Hague em uma entrevista à imprensa com o ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini.

    Hague e Frattini afirmaram que o líder líbio Muammar Gadaffi deve deixar o poder.

    (Reportagem de Tim Castle e Olesya Dmitracova)

    DIMINUIÇAO DA CONCENTRAÇÃO DE RENDA

    Senado aprova empréstimo de US$ 200 mi para o Bolsa Família

    O plenário do Senado aprovou ontem o pedido da União para contrair empréstimo de até US$ 200 milhões junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) para o programa Bolsa Família. O texto será agora promulgado pela presidenta da República.

    “Há um consenso entre os analistas de políticas públicas de que o Programa Bolsa Família, junto com outras iniciativas governamentais, contribuiu significativamente para a redução da concentração de renda da população brasileira”, argumenta o relator do texto na comissão, senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

    O projeto inclui seis componentes, o primeiro envolvendo a aplicação de até US$ 185 milhões em favor das famílias assistidas pelo Bolsa Família, no formato de transferências condicionadas de renda.

    Outros US$ 30 milhões se referem a despesas com melhorias de gestão do programa, além de aperfeiçoamentos no Sistema de Cadastro Único. Nesse caso, metade dos gastos será coberta pelo empréstimo. A diferença corresponde à contrapartida nacional.

    “As obrigações contratuais são passíveis de cumprimento pelas partes envolvidas, não atribuindo ao Tesouro Nacional riscos superiores àqueles normalmente assumidos em operações já contratadas com organismos multilaterais de crédito”, diz texto do Ministério da Fazenda encaminhado à Casa.

    BIBLIOGRAFIA :

    http://www.correio24horas.com.br/noticias/

    'A internet é o único lugar onde a Al Qaeda florece'

    Estudioso do terrorismo, o americano Scott Atran afirma que um grande descrédito pesa sobre a rede de Osama bin Laden, e que sua principal arma hoje em dia é a web

    Cecília Araújo
    Abdullah Hermat passou 7 anos na prisão, acusado de ter participado do atentado do 11 de setembro, mas descobriram que ele era inocente

    Abdullah Hermat passou 7 anos na prisão, acusado de ter participado do atentado do 11 de setembro, mas descobriram que ele era inocente (Paula Bronstein / Getty Images)

    "O primeiro passo para se chegar a um terrorista é conhecer os seus amigos", aponta Atran

    Diante das revoltas populares que tomam conta de grande parte do mundo islâmico, surge o temor de que o grupo terrorista Al Qaeda se valha do caos instaurado na região para ampliar sua influência no mundo. Os terroristas parecem já se aproveitar para contrabandear armas. Mas a principal forma de infiltração usada pela Al Qaeda é a ideológica. "O maior perigo está em a mensagem do grupo se espalhar entre os jovens revolucionários”, diz o americano Scott Atran, autor do livro Talking to the Enemy: Faith, Brotherhood, and the (Un)Making of Terrorists(Falando com o Inimigo: Fé, Irmandade e o (Des)Fazer dos Terroristas, 2010, Editora HarperCollins), que também é chefe de pesquisas antropológicas do Instituto Jean Nicod do Centro Nacional Pesquisa Científica da França e professor de psicologia da Universidade de Michigan.

    Segundo Atran, qualquer pessoa está sujeita a ser um homem-bomba. “O perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum. Não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações”, diz ele. O antropólogo, que já estudou de perto terroristas desde as florestas da Indonésia até o Marrocos, explica que novos integrantes de redes terroristas quase sempre são aliciados quando formam algum laço de amizade com veteranos da organização ou porque se veem de repente numa vizinhança ou num ambiente infiltrado por eles. "Apenas 15% entraram para a Al Qaeda por influência da própria família", diz.

    Reprodução

    Scott Atran é autor do livro 'Talking to the Enemy'

    Scott Atran é autor do livro 'Talking to the Enemy'

    O que leva uma pessoa ao terrorismo?Os seres humanos têm uma característica que os distingue dos animais. É o que Thomas Hobbes chamou de “privilégio do absurdo”, o que é particular dos homens. É algo que impulsiona guerras, revoluções e ações violentas coletivas, mais do que qualquer outra coisa - inclusive problemas econômicos. Os terroristas se sacrificam por uma coletividade abstrata, que normalmente não se restringe a familiares e amigos. Sistemas políticos e religiosos usam o termo “família” para mobilizar pessoas em torno de uma ideologia. A religião pode chegar mais longe por ir além do conceito de nação, tendo características transcendentais. Sobre isso, não há controle.

    Na semana passada, a revista VEJA revelou documentos que mostram a presença uma rede terrorista no Brasil. A reportagem conversou com alguns deles e detalhou seus perfis. Eles parecem pessoas comuns. O senhor se surpreende com isso? O perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum. Não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações. Além disso, quase nenhum terrorista teve educação religiosa. Muitos deles “nascem de novo”, ou seja, sofrem uma conversão, aos 18 ou 20 anos, talvez um pouco mais tarde. É nesse momento que se envolvem com religião. Mas a religiosidade não é um sinal para se prever a tendência de uma pessoa a fazer parte de um grupo terrorista. A maioria dos integrantes da Al Qaeda é da classe média, como estudantes de engenharia e medicina. Não adianta procurar terroristas em encontros de estudo do Corão.

    Como, então, é possível identificá-los? O primeiro passo para se chegar a um terrorista é conhecer os seus amigos. Se uma pessoa tem amigos ligados a algum grupo que prega o terror, ela fica muito mais propensa a se tornar um terrorista. Dentro da Al Qaeda, mais de 70% dos membros foram incorporados a partir da simples convivência com uma vizinhança ligada ao grupo, sendo que apenas 15% entraram para o movimento a partir da influência da própria família. Na prática, a Al Qaeda não recruta pessoas, isso é um mito. Ao contrário, é muito mais comum as pessoas procurarem pela Al Qaeda. No atentado do 11 de setembro, por exemplo, foi Khalid Sheikh Mohamed que apresentou seu plano ao grupo, que apenas aceitou a proposta.

    Se é tão aleatório, como monitorar regiões contra o terrorismo? Ao descobrir um membro que faz parte da rede, pode-se chegar a outros investigando a vizinhança e os amigos. O que eles comem, o que vestem, com quem saem, que lugares frequentam? As pessoas de uma mesma rede começam a ter hábitos em comum. Ainda assim, não é um trabalho fácil. Mesmo dentro das células terroristas, há muita fluidez. Um integrante pode fazer parte de uma célula num dia e deixar de fazer no outro. Novos membros surgem, alguns ficam mais radicais, outros menos. É comum que uma pessoa não-terrorista conheça um terrorista ou se relacione com alguém que conheça um. Os terroristas também têm parentes e amigos. E todos se misturam.

    A Al Qaeda vai se beneficiar dos levantes que hoje acontecem no mundo árabe? A principal forma de infiltração da Al Qaeda é a ideológica. Os terroristas tentarão entrar na cabeça desses jovens revoltosos. Mas isso não quer dizer que vão conquistar muitos adeptos. No Egito, por exemplo, os jovens conseguiram fazer em 18 dias o que a Al Qaeda tenta há 18 anos sem sucesso. E eles o fizeram sem confrontos violentos, sendo que a Al Qaeda diz ser necessário o uso da força contra qualquer inimigo. Um descrédito enorme pesa sobre a Al Qaeda neste momento.

    Mas há sinais de que o grupo se beneficia do conflito na Líbia, por exemplo, para contrabandear armas. Materialmente ou militarmente, a Al Qaeda é insignificante hoje em dia. Seu principal ativo é a "marca" Al Qaeda - que muitos extremistas desejam usar, pois isso é promessa de visibilidade a seus atos. Por isso também, afirmo que o maior perigo está na infiltração ideológica. Revoluções e guerras são impulsionadas por ideologias ou mudanças morais. A Al Qaeda certamente tentará atrair para si os jovens que hoje vão às ruas no mundo árabe. Nessa tarefa, a internet tem grande importância. A internet é o único lugar onde a Al Qaeda está florecendo e é altamente competitiva.

    Um clérigo iemenita-americano, Anwar al-Awlaki, falou na semana passada da empolgação do grupo terrorista diante das possibilidades que se abrem em todos os países que vivem uma crise política, especialmente no Iêmen... O Iêmen é a única entre as nações árabes em crise onde o grupo parece ter algum sucesso até agora, por razões bastante particulares. O país, que já viveu uma guerra civil que o dividiu entre norte e sul, possui um histórico terrorista. A família paterna do saudita Osama bin Laden é iemenita, e algumas regiões do Iêmen ainda enfrentam a chamada Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), nascida da fusão dos braços iemenita e saudita da Al Qaeda. Nesse contexto de caos, as autoridades estão perdendo força e muita gente está armada no país.

    A Al Qaeda também tem ambições políticas? Claro que eles adorariam que um estado islâmico fosse estabelecido em qualquer dos países que hoje estão em ebulição. Porém, sua ideia de estado islâmico é muito restrita, e não existe um só país que respeite a Sharia de acordo com sua interpretação, a não ser o Afeganistão dos talibãs. O próprio mundo islâmico não gosta da Al Qaeda.

    bibliografia:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/

    'A internet é o único lugar onde a Al Qaeda florece'

    Estudioso do terrorismo, o americano Scott Atran afirma que um grande descrédito pesa sobre a rede de Osama bin Laden, e que sua principal arma hoje em dia é a web

    Cecília Araújo
    Abdullah Hermat passou 7 anos na prisão, acusado de ter participado do atentado do 11 de setembro, mas descobriram que ele era inocente

    Abdullah Hermat passou 7 anos na prisão, acusado de ter participado do atentado do 11 de setembro, mas descobriram que ele era inocente (Paula Bronstein / Getty Images)

    "O primeiro passo para se chegar a um terrorista é conhecer os seus amigos", aponta Atran

    Diante das revoltas populares que tomam conta de grande parte do mundo islâmico, surge o temor de que o grupo terrorista Al Qaeda se valha do caos instaurado na região para ampliar sua influência no mundo. Os terroristas parecem já se aproveitar para contrabandear armas. Mas a principal forma de infiltração usada pela Al Qaeda é a ideológica. "O maior perigo está em a mensagem do grupo se espalhar entre os jovens revolucionários”, diz o americano Scott Atran, autor do livro Talking to the Enemy: Faith, Brotherhood, and the (Un)Making of Terrorists(Falando com o Inimigo: Fé, Irmandade e o (Des)Fazer dos Terroristas, 2010, Editora HarperCollins), que também é chefe de pesquisas antropológicas do Instituto Jean Nicod do Centro Nacional Pesquisa Científica da França e professor de psicologia da Universidade de Michigan.

    Segundo Atran, qualquer pessoa está sujeita a ser um homem-bomba. “O perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum. Não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações”, diz ele. O antropólogo, que já estudou de perto terroristas desde as florestas da Indonésia até o Marrocos, explica que novos integrantes de redes terroristas quase sempre são aliciados quando formam algum laço de amizade com veteranos da organização ou porque se veem de repente numa vizinhança ou num ambiente infiltrado por eles. "Apenas 15% entraram para a Al Qaeda por influência da própria família", diz.

    Reprodução

    Scott Atran é autor do livro 'Talking to the Enemy'

    Scott Atran é autor do livro 'Talking to the Enemy'

    O que leva uma pessoa ao terrorismo?Os seres humanos têm uma característica que os distingue dos animais. É o que Thomas Hobbes chamou de “privilégio do absurdo”, o que é particular dos homens. É algo que impulsiona guerras, revoluções e ações violentas coletivas, mais do que qualquer outra coisa - inclusive problemas econômicos. Os terroristas se sacrificam por uma coletividade abstrata, que normalmente não se restringe a familiares e amigos. Sistemas políticos e religiosos usam o termo “família” para mobilizar pessoas em torno de uma ideologia. A religião pode chegar mais longe por ir além do conceito de nação, tendo características transcendentais. Sobre isso, não há controle.

    Na semana passada, a revista VEJA revelou documentos que mostram a presença uma rede terrorista no Brasil. A reportagem conversou com alguns deles e detalhou seus perfis. Eles parecem pessoas comuns. O senhor se surpreende com isso? O perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum. Não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações. Além disso, quase nenhum terrorista teve educação religiosa. Muitos deles “nascem de novo”, ou seja, sofrem uma conversão, aos 18 ou 20 anos, talvez um pouco mais tarde. É nesse momento que se envolvem com religião. Mas a religiosidade não é um sinal para se prever a tendência de uma pessoa a fazer parte de um grupo terrorista. A maioria dos integrantes da Al Qaeda é da classe média, como estudantes de engenharia e medicina. Não adianta procurar terroristas em encontros de estudo do Corão.

    Como, então, é possível identificá-los? O primeiro passo para se chegar a um terrorista é conhecer os seus amigos. Se uma pessoa tem amigos ligados a algum grupo que prega o terror, ela fica muito mais propensa a se tornar um terrorista. Dentro da Al Qaeda, mais de 70% dos membros foram incorporados a partir da simples convivência com uma vizinhança ligada ao grupo, sendo que apenas 15% entraram para o movimento a partir da influência da própria família. Na prática, a Al Qaeda não recruta pessoas, isso é um mito. Ao contrário, é muito mais comum as pessoas procurarem pela Al Qaeda. No atentado do 11 de setembro, por exemplo, foi Khalid Sheikh Mohamed que apresentou seu plano ao grupo, que apenas aceitou a proposta.

    Se é tão aleatório, como monitorar regiões contra o terrorismo? Ao descobrir um membro que faz parte da rede, pode-se chegar a outros investigando a vizinhança e os amigos. O que eles comem, o que vestem, com quem saem, que lugares frequentam? As pessoas de uma mesma rede começam a ter hábitos em comum. Ainda assim, não é um trabalho fácil. Mesmo dentro das células terroristas, há muita fluidez. Um integrante pode fazer parte de uma célula num dia e deixar de fazer no outro. Novos membros surgem, alguns ficam mais radicais, outros menos. É comum que uma pessoa não-terrorista conheça um terrorista ou se relacione com alguém que conheça um. Os terroristas também têm parentes e amigos. E todos se misturam.

    A Al Qaeda vai se beneficiar dos levantes que hoje acontecem no mundo árabe? A principal forma de infiltração da Al Qaeda é a ideológica. Os terroristas tentarão entrar na cabeça desses jovens revoltosos. Mas isso não quer dizer que vão conquistar muitos adeptos. No Egito, por exemplo, os jovens conseguiram fazer em 18 dias o que a Al Qaeda tenta há 18 anos sem sucesso. E eles o fizeram sem confrontos violentos, sendo que a Al Qaeda diz ser necessário o uso da força contra qualquer inimigo. Um descrédito enorme pesa sobre a Al Qaeda neste momento.

    Mas há sinais de que o grupo se beneficia do conflito na Líbia, por exemplo, para contrabandear armas. Materialmente ou militarmente, a Al Qaeda é insignificante hoje em dia. Seu principal ativo é a "marca" Al Qaeda - que muitos extremistas desejam usar, pois isso é promessa de visibilidade a seus atos. Por isso também, afirmo que o maior perigo está na infiltração ideológica. Revoluções e guerras são impulsionadas por ideologias ou mudanças morais. A Al Qaeda certamente tentará atrair para si os jovens que hoje vão às ruas no mundo árabe. Nessa tarefa, a internet tem grande importância. A internet é o único lugar onde a Al Qaeda está florecendo e é altamente competitiva.

    Um clérigo iemenita-americano, Anwar al-Awlaki, falou na semana passada da empolgação do grupo terrorista diante das possibilidades que se abrem em todos os países que vivem uma crise política, especialmente no Iêmen... O Iêmen é a única entre as nações árabes em crise onde o grupo parece ter algum sucesso até agora, por razões bastante particulares. O país, que já viveu uma guerra civil que o dividiu entre norte e sul, possui um histórico terrorista. A família paterna do saudita Osama bin Laden é iemenita, e algumas regiões do Iêmen ainda enfrentam a chamada Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), nascida da fusão dos braços iemenita e saudita da Al Qaeda. Nesse contexto de caos, as autoridades estão perdendo força e muita gente está armada no país.

    A Al Qaeda também tem ambições políticas? Claro que eles adorariam que um estado islâmico fosse estabelecido em qualquer dos países que hoje estão em ebulição. Porém, sua ideia de estado islâmico é muito restrita, e não existe um só país que respeite a Sharia de acordo com sua interpretação, a não ser o Afeganistão dos talibãs. O próprio mundo islâmico não gosta da Al Qaeda.

    bibliografia:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/