Estudioso do terrorismo, o americano Scott Atran afirma que um grande descrédito pesa sobre a rede de Osama bin Laden, e que sua principal arma hoje em dia é a web
Abdullah Hermat passou 7 anos na prisão, acusado de ter participado do atentado do 11 de setembro, mas descobriram que ele era inocente (Paula Bronstein / Getty Images)
"O primeiro passo para se chegar a um terrorista é conhecer os seus amigos", aponta Atran
Diante das revoltas populares que tomam conta de grande parte do mundo islâmico, surge o temor de que o grupo terrorista Al Qaeda se valha do caos instaurado na região para ampliar sua influência no mundo. Os terroristas parecem já se aproveitar para contrabandear armas. Mas a principal forma de infiltração usada pela Al Qaeda é a ideológica. "O maior perigo está em a mensagem do grupo se espalhar entre os jovens revolucionários”, diz o americano Scott Atran, autor do livro Talking to the Enemy: Faith, Brotherhood, and the (Un)Making of Terrorists(Falando com o Inimigo: Fé, Irmandade e o (Des)Fazer dos Terroristas, 2010, Editora HarperCollins), que também é chefe de pesquisas antropológicas do Instituto Jean Nicod do Centro Nacional Pesquisa Científica da França e professor de psicologia da Universidade de Michigan.
Segundo Atran, qualquer pessoa está sujeita a ser um homem-bomba. “O perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum. Não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações”, diz ele. O antropólogo, que já estudou de perto terroristas desde as florestas da Indonésia até o Marrocos, explica que novos integrantes de redes terroristas quase sempre são aliciados quando formam algum laço de amizade com veteranos da organização ou porque se veem de repente numa vizinhança ou num ambiente infiltrado por eles. "Apenas 15% entraram para a Al Qaeda por influência da própria família", diz.
Scott Atran é autor do livro 'Talking to the Enemy'
O que leva uma pessoa ao terrorismo?Os seres humanos têm uma característica que os distingue dos animais. É o que Thomas Hobbes chamou de “privilégio do absurdo”, o que é particular dos homens. É algo que impulsiona guerras, revoluções e ações violentas coletivas, mais do que qualquer outra coisa - inclusive problemas econômicos. Os terroristas se sacrificam por uma coletividade abstrata, que normalmente não se restringe a familiares e amigos. Sistemas políticos e religiosos usam o termo “família” para mobilizar pessoas em torno de uma ideologia. A religião pode chegar mais longe por ir além do conceito de nação, tendo características transcendentais. Sobre isso, não há controle.
Na semana passada, a revista VEJA revelou documentos que mostram a presença uma rede terrorista no Brasil. A reportagem conversou com alguns deles e detalhou seus perfis. Eles parecem pessoas comuns. O senhor se surpreende com isso? O perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum. Não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações. Além disso, quase nenhum terrorista teve educação religiosa. Muitos deles “nascem de novo”, ou seja, sofrem uma conversão, aos 18 ou 20 anos, talvez um pouco mais tarde. É nesse momento que se envolvem com religião. Mas a religiosidade não é um sinal para se prever a tendência de uma pessoa a fazer parte de um grupo terrorista. A maioria dos integrantes da Al Qaeda é da classe média, como estudantes de engenharia e medicina. Não adianta procurar terroristas em encontros de estudo do Corão.
Como, então, é possível identificá-los? O primeiro passo para se chegar a um terrorista é conhecer os seus amigos. Se uma pessoa tem amigos ligados a algum grupo que prega o terror, ela fica muito mais propensa a se tornar um terrorista. Dentro da Al Qaeda, mais de 70% dos membros foram incorporados a partir da simples convivência com uma vizinhança ligada ao grupo, sendo que apenas 15% entraram para o movimento a partir da influência da própria família. Na prática, a Al Qaeda não recruta pessoas, isso é um mito. Ao contrário, é muito mais comum as pessoas procurarem pela Al Qaeda. No atentado do 11 de setembro, por exemplo, foi Khalid Sheikh Mohamed que apresentou seu plano ao grupo, que apenas aceitou a proposta.
Se é tão aleatório, como monitorar regiões contra o terrorismo? Ao descobrir um membro que faz parte da rede, pode-se chegar a outros investigando a vizinhança e os amigos. O que eles comem, o que vestem, com quem saem, que lugares frequentam? As pessoas de uma mesma rede começam a ter hábitos em comum. Ainda assim, não é um trabalho fácil. Mesmo dentro das células terroristas, há muita fluidez. Um integrante pode fazer parte de uma célula num dia e deixar de fazer no outro. Novos membros surgem, alguns ficam mais radicais, outros menos. É comum que uma pessoa não-terrorista conheça um terrorista ou se relacione com alguém que conheça um. Os terroristas também têm parentes e amigos. E todos se misturam.
A Al Qaeda vai se beneficiar dos levantes que hoje acontecem no mundo árabe? A principal forma de infiltração da Al Qaeda é a ideológica. Os terroristas tentarão entrar na cabeça desses jovens revoltosos. Mas isso não quer dizer que vão conquistar muitos adeptos. No Egito, por exemplo, os jovens conseguiram fazer em 18 dias o que a Al Qaeda tenta há 18 anos sem sucesso. E eles o fizeram sem confrontos violentos, sendo que a Al Qaeda diz ser necessário o uso da força contra qualquer inimigo. Um descrédito enorme pesa sobre a Al Qaeda neste momento.
Mas há sinais de que o grupo se beneficia do conflito na Líbia, por exemplo, para contrabandear armas. Materialmente ou militarmente, a Al Qaeda é insignificante hoje em dia. Seu principal ativo é a "marca" Al Qaeda - que muitos extremistas desejam usar, pois isso é promessa de visibilidade a seus atos. Por isso também, afirmo que o maior perigo está na infiltração ideológica. Revoluções e guerras são impulsionadas por ideologias ou mudanças morais. A Al Qaeda certamente tentará atrair para si os jovens que hoje vão às ruas no mundo árabe. Nessa tarefa, a internet tem grande importância. A internet é o único lugar onde a Al Qaeda está florecendo e é altamente competitiva.
Um clérigo iemenita-americano, Anwar al-Awlaki, falou na semana passada da empolgação do grupo terrorista diante das possibilidades que se abrem em todos os países que vivem uma crise política, especialmente no Iêmen... O Iêmen é a única entre as nações árabes em crise onde o grupo parece ter algum sucesso até agora, por razões bastante particulares. O país, que já viveu uma guerra civil que o dividiu entre norte e sul, possui um histórico terrorista. A família paterna do saudita Osama bin Laden é iemenita, e algumas regiões do Iêmen ainda enfrentam a chamada Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), nascida da fusão dos braços iemenita e saudita da Al Qaeda. Nesse contexto de caos, as autoridades estão perdendo força e muita gente está armada no país.
A Al Qaeda também tem ambições políticas? Claro que eles adorariam que um estado islâmico fosse estabelecido em qualquer dos países que hoje estão em ebulição. Porém, sua ideia de estado islâmico é muito restrita, e não existe um só país que respeite a Sharia de acordo com sua interpretação, a não ser o Afeganistão dos talibãs. O próprio mundo islâmico não gosta da Al Qaeda.
bibliografia:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/
é uma "estratégia-política, por excelência", que consiste no uso de violência física e psicológica, em "tempos de paz(ou guerra não - declarada)"; sendo questionado esse momento-político, se o período é de "guerra-intestina e/ou estado de sítio e/ou guerra civil", se é ou não legítimo(ou seja, aprovado pelas autoridades-constituidas, daquele Estado), sendo contado como tal, tal fato que sempre se prendeu, pela sua extrapolação e perda de controle do Estado, frente aos abusos de desordeiros, ativistas-anárquicos, partidários da anarquia de forma geral, por indivíduos ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida, através de ataques a uma autoridade - governo ou à população diretamente, que em si(através de bombas, homens/mulheres-bomba), que o/a legitimou(dessa forma é por assim dizer, uma "guerra legítima ou ilegítima", de modo que os estragos - psicológicos/físicos ultrapassam/ultrapassem largamente o círculo das vítimas, para incluir o resto da população do território e da nação em si). Questiona-se até onde vai o poder coercitivo do Estado e do próprio cidadão(no hábito do chamado "linchamento(ato de terrorismo-individual)" delegado ao Estado, no sistema carcerário e penal). E se "Esse - Estado", é de "Guerra e/ou Paz", e do reconhecimento deste "Estado de coisas". Pois a Guerra seria, teoricamente, o Estado de "Terrorismo por-Excelência, da Nação(como um todo(Consciênte e/ou beligerante)), como o foi legitimamente, na Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial", sendo um Estado - legítimo ou ilegítimo, dependendo dai a participação direta e consciente do povo, ou não apenas um 'ato-popular' isolado, supra partidário(e/ou político, de participação partidária, somente, de um ou mais partidos querendo se impor pela força e submeter um povo). Pelo "próprio-conceito-político, desse/deste Estado". As fontes carecem de uma interpretação mais fidedigna, como também de interpolação mais clara, porque necessitam de "verdadeiros conselhos políticos sérios, que se debrucem sobre os diversos tratados de guerra e paz e também, dos campos intermediários, os tantos que são hávidamente explorados politicamente(para "encanto dos eleitores", e dos "populares obcecados pelo "poder", a serem alcançados nas próximas eleições…"), pois nessas "chamadas- guerras" e "guerrilhas partidárias" sempre foi ocupação de "políticos" e não "necessariamente- povo, em si, que constituiu um governo e ou autoridade para si (do próprio conceito de democracia e Estado)". Quando se quer e se pretende, extrapolar para trata do conceito em-si, do terrorismo"
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