Pesquisar este blog

quarta-feira, 30 de março de 2011

Erradicação da miséria versus concentração de renda

Num país onde 10% da população mais rica detêm 75,4% de todas as riquezas (dados do Ipea), a erradicação da miséria pretendida pela presidente Dilma Rousseff é desafio imensamente difícil. A cruel concentração de renda no Brasil é a maior do mundo depois de sete países extremamente miseráveis: Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.

Alagoas detém uma perversa concentração de renda: a maior parte das riquezas está nas mãos de apenas 12 famílias. Com a menor renda real média e a maior proporção de pobres do Brasil, é o estado que tem mais analfabetos, indica o Ipea de 2009 (24,6% da população é analfabeta). Esse percentual já foi pior: há hoje 43 mil analfabetos a menos em relação à última pesquisa, quando a taxa era de 30% de analfabetismo.

A falta de investimento em capital humano e em infraestrutura ao longo das últimas décadas comprometeu seriamente as chances de reversão deste negativo quadro crônico em Alagoas, onde os índices sociais e econômicos – quando não pioram – melhoram num ritmo muito mais lento do que nos demais Estados.

Os indicativos sociais e econômicos de Alagoas nunca irão melhorar se não houver investimento ousado em políticas públicas, em programas sociais e em infraestrutura. Será impossível concretizar tudo isso sem um aporte maciço de recursos do Governo Federal e das entidades multilaterais.

A ousadia terá de ser ainda maior no sentido da diversificação da economia, secularmente concentrada em sua quase totalidade na monocultura sucroalcooleira. Os “feudais” latifúndios, que possuem quase todas as terras, também são forte entrave para o desenvolvimento econômico de Alagoas, agravado pela extinção do IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool.

Sem opções diversificadas no mercado de trabalho e sem capital humano qualificado, a economia alagoana vem sendo fomentada pelos projetos sociais, a exemplo do Bolsa Família, do Governo Federal.

Em ritmo mais lento que os outros estados, Alagoas também colhe benefícios do momento de ascensão do poder aquisitivo do brasileiro, cenário constatado na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. Um forte indicador é a redução da fome: 11% a mais das famílias em relação a 2002 dispõem de alimentos suficientes para até o final do mês.

A desigualdade extrema resultante da concentração de renda em Alagoas nunca será superada com fórmulas mágicas. A ousadia é indispensável para reverter, por exemplo, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que é também o pior do Brasil neste pequeno estado. Utilizado em todo o mundo para medir o bem-estar da população, o IDH leva em contra três fatores: riqueza, educação e expectativa de vida. Em tudo isso, Alagoas continua no fim da fila.

http://tudoglobal.com/pompeexpressao/15682/erradicacao-da-miseria-versus-concentracao-de-renda.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.