Quando Matthias Pohm formou seu novo partido político na Suíça, ele estava determinado a alcançar um grupo que considerava sub-representado. Assim, em maio ele criou o Partido Anti-PowerPoint, cuja missão é defender aquelas almas "que, todo mês, são obrigadas a estarem presentes em apresentações monótonas em empresas, universidades e outras instituições, e que até o momento não tinham representação na política".
As pessoas acham que "é uma perda de tempo", disse Pohm em relação a essas apresentações. O partido dele chegou à votação para as eleições parlamentares nacionais na Suíça, que ocorrerão no dia 23 de outubro. "Essas pessoas precisavam de um líder".
Partidos políticos que lidam apenas com um assunto e que estão às margens parecem estar ganhando popularidade; o Partido Pirata, por exemplo, que trata da liberdade na internet, conquistou 8,9 por cento dos votos nas eleições recentes em Berlim.
No entanto, a Suíça, que talvez seja a democracia mais direta do mundo, leva a marginalidade a um nível completamente diferente. Aqui, qualquer cidadão com mais de 18 anos pode iniciar um partido político. Para conseguir entrar na votação para a Câmara Baixa do Parlamento, tudo de que um partido precisa são de 100 a 400 assinaturas de eleitores, dependendo do tamanho do cantão.
Devido a esse baixo limite e a um sistema político aberto e pluralista, a Suíça possui uma tradição de partidos fragmentados, geralmente baseados em cantões maiores e mais urbanos de Zurique e Berna (um clássico é o Partido do Carro, organizado em 1985 para aumentar os limites de velocidade e reduzir as multas de trânsito).
Embora o Partido do Carro tenha chegado ao Parlamento, a maioria desses grupos possui chance quase zero de ganhar. Mesmo assim, eles refletem "a vontade do povo de participar ativamente do processo eleitoral", escreveu Mark Stucki, porta-voz dos serviços do Parlamento suíço, por e-mail.
Veja o caso de Thomas Marki, um corretor de seguros de 43 anos que ficou incomodado em ver vacas aprisionadas em uma fazenda pela qual ele passava todos os dias a caminho do trabalho. "Comecei a fazer pesquisas e vi que as leis envolvendo o tratamento de animais não são bem aplicadas", contou. Em julho de 2010, ele criou o Partido dos Animais "para dar aos animais uma voz política".
Para um novato político, navegar através da burocracia para, digamos, determinar se é legal pendurar cartazes tem sido difícil, ele diz. Mas com 27 candidatos do Partido dos Animais em eleições em quatro cantões, Marki planeja continuar trabalhando mesmo que eles não ganhem nada desta vez.
Alfredo E. Stussi, presidente do Subitas (antigo Partido dos Homens), está igualmente comprometido com sua causa: direitos iguais para os homens. Stussi, que não pôde ver sua filha por muitos anos depois de se separar da mãe dela, disse que o Subitas entrou nas eleições nacionais este ano graças a uma ideia criativa. "Alguém disse: 'Por que vocês não vão a um jogo de futebol?' Nós fomos, e foi onde conseguimos 70 por cento das assinaturas".
Para Hanspeter Kindler, poeta, fazer o Partido dos Bobos da Suíça entrar na votação foi um propósito político em si mesmo. Chateado com o lento progresso de uma iniciativa popular para restringir salários da alta gerência em empresas públicas, ele iniciou seu próprio partido de um homem só e sem causa específica. "O principal objetivo que eu tinha era mostrar um forte argumento", ele disse. "Sou realista o suficiente para não fazer campanha".
Mas o Partido Anti-PowerPoint de Pohm, cuja plataforma oscila entre banir o PowerPoint de uma vez e apenas conscientizar as pessoas das falhas de comunicação do software, traz um novo sabor à tradição dos partidos marginais.
"É um uso indevido das eleições para um fim comercial", disse Thomas Widmer, presidente do departamento de Políticas Suíças da Universidade de Zurique. "É a primeira vez que vejo algo assim no país. Isso levanta a questão sobre se deve haver legislação proibindo tais práticas".
Pohm, que ganha a vida fazendo seminários sobre como falar em público, especializado na arte da réplica incisiva, admite prontamente que sua campanha é um jogo de marketing _ embora ele afirme que é exatamente esse tipo de honestidade que o tornaria um bom político. Mas como sua visibilidade em Zurique é baixa e seus únicos materiais de marketing são saquinhos de vômito ainda não distribuídos, essa premissa provavelmente não será testada.
Fenômenos como o Partido Anti-PowerPoint são "o preço da democracia", disse Christoph Pfluger, jornalista e editor executivo de uma revista, que foi um dos fundadores do parteifrei.ch (Suíça Sem Partido) há três meses, para pessoas que não veem sentido em partidos políticos ("Foi muito fácil", ele disse. "Tivemos a ideia, enviamos cartões de associação e postamos na internet").
No entanto, outras pessoas criticam esse fenômeno. "Tais partidos geralmente desaparecem seis meses após as eleições. Eles refletem um humor passageiro", comentou Claude Longchamp, cientista político e realizador de pesquisas em Berna. "Sou contra porque eles complicam as coisas para os eleitores".
Sim, é verdade. Cada votação consiste em longas listas de candidatos para cada partido. Este ano em Zurique, há 30 listas de até 34 candidatos cada (Zurique possui 34 assentos na Câmara Baixa), de onde os eleitores escolhem. Os eleitores também podem escrever o nome de candidatos individuais de sua própria escolha, de qualquer partido. Este ano, são quase 3.500 candidatos concorrendo aos 246 assentos nas duas casas parlamentares.
Mesmo assim, nem tudo são piadas ou missões quixotescas. O Partido Verde da Suíça é um exemplo de um grupo que começou pequeno e, ao ampliar sua plataforma, teve sucesso.
Isso, de acordo com Widmer, pode um dia ser uma possibilidade para outro partido novato, o Partido Pirata, que recebeu um forte empurrão a partir do sucesso de seu primo de Berlim.
Denis Simonet, estudante de ciência da computação de 26 anos, fundou o partido com outros há dois anos. "Antes, não havia um partido que falasse por mim", disse Simonet, que descreveu um grande mergulho na vida política. O jovem conta que ele e os outros fundadores aprenderam sobre política do zero, organizando ligações à imprensa, reunindo-se com políticos suíços e, como contou, até oferecendo conselhos de asilo a Julian Assange, do WikiLeaks. Até o momento, eles ganharam um assento no conselho municipal de Winterthur e possuem um total de 57 candidatos nas eleições nacionais.
"O legal é que fazemos algumas pessoas, especialmente os jovens, se interessar por política", disse Simonet, que claramente saboreia suas responsabilidades. "É uma parte importantíssima da nossa existência mostrar que existe esperança!"
GISELE, AQUI É CAMILA NATANI, TO POSTANDO POR AQUI PORQUE MEU EMAIL NÃO ESTA FUNCIONANDO
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