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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Alcoolismo na Adolescência



VIVA SAÚDE ADVERTE: BEBA COM MODERAÇÃO
Os adolescentes estão cansados de ouvir ou ler esta tarja preta e séria que aparece minúscula nas propagandas de bebidas alcoólicas. Infelizmente, poucos levam a recomendação a sério. Resultado: 78% dos jovens brasileiros bebem regularmente e 19% deles já são dependentes do álcool


Os jovens estão bebendo mais e cada vez mais cedo, o que aumenta o risco de boa parte desta juventude desenvolver o alcoolismo. Esta equação se repete em praticamente todo o mundo, inclusive no Brasil, apesar de as pesquisas sobre o tema ainda serem bem escassas por aqui.

O último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), revela que o consumo de álcool por adolescentes de 12 a 17 anos já atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% já apresentam dependência. O estudo foi realizado em 2004 e mostrou que entre jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são dependentes. Para se ter uma idéia de como o consumo de bebidas alcoólicas na adolescência aumentou, no levantamento anterior, realizado em 2001, apenas 5% dos adolescentes pesquisados preenchi am os critérios para dependência do álcool. Segundo recente estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em comparação com os países da América Latina, o Brasil aparece em terceiro lugar no consumo de álcool entre os adolescentes. A pesquisa foi feita com estudantes do ensino médio e incluiu 347.771 meninos e meninas, de 14 a 17 anos, do Brasil, da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Equador, do Peru, do Uruguai, da Colômbia e do Paraguai. Entre os brasileiros, 48% admitiu consumir álcool.

Os dados são ainda mais alarmantes, porque o levantamento do Cebrid, que envolveu estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública, mostrou que a idade de início do consumo fica em torno dos 12 anos. "E, sabe-se, que o uso precoce de álcool aumenta o risco de alcoolismo em idade adulta", alerta o psiquiatra Arthur Guerra, doutor no assunto e fundador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da Universidade de São Paulo (Grea-USP). De acordo com dados do livro Sóbrio - Vença a Dependência do Álcool e Mantenha a Dignidade (Ed. Nova Era), "os jovens que começam a beber antes dos 15 anos são muito mais propensos a desenvolver dependência alcoólica do que aqueles que começam a beber aos 21 anos".

COMO OS PAIS PODEM AJUDAR
Algumas atitudes fazem a diferença na hora de alertar e orientar os jovens sobre a necessidade de não ir 'com muita sede ao copo'.
...Buscar informações sobre os efeitos do álcool e o alcoolismo na adolescência. Um pai bem-informado ganha poder de persuasão no diálogo com os adolescentes.
...Perceber que não são os melhores amigos dos filhos e que, por isso, é seu papel e dever estabelecer limites e acordos com eles.
...Evitar dizer apenas 'não'. Aprenda a escutar seus filhos e as razões deles para justificar o consumo de álcool.
...Dar o exemplo em casa, evitando o uso indevido (regular e em excesso) de bebidas alcoólicas.
...Participar da vida do adolescente e supervisioná-lo, quando necessário.
...Propiciar qualidade de vida ao jovem e estimular hábitos saudáveis, com passeios ao ar livre, contato com a natureza e momentos de lazer em família.

Consumo estimulado
Uma série de fatores colabora para que o álcool seja a primeira droga de escolha entre os jovens. Primeiro, é legalizada e conta com grande publicidade na mídia. Depois, há a influência de um forte paradoxo: apesar de ser proibida para menores de 18 anos, é muitas vezes consumida abertamente em casa e acaba tendo seu consumo incentivado pelos próprios pais.

"A lei brasileira é bastante moderna em vários aspectos. Porém, a cultura de permissividade em relação ao álcool - tanto no ambiente doméstico quanto fora dele - é favorável ao consumo precoce", acrescenta o psiquiatra Flávio Pechansky, do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

"As companhias produtoras de bebidas têm como alvo o consumidor jovem, e toda a propaganda gera uma cultura em que o consumo de álcool está associado à jovialidade, juventude, esportividade e praia. Este é um apelo muito forte ao adolescente", completa o psiquiatra.

Segundo o médico Pechansky, é preciso uma restrição severa à imensa penetração da mídia na adolescência. "Há uma total liberdade para propagandas de cerveja, bebida de baixo teor alcoólico. A legislação atual só regula os horários de transmissão para bebidas com teor alcoólico acima de 13%", explica. De fato há uma disputa, no mínimo, desproporcional entre as belas imagens produzidas em um comercial e a tarja preta governamental, sóbria e obrigatória, pedindo para o jovem "beber com moderação" ou "não dirigir, se beber".

SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE, O ALCOOLISMO É RESPONSÁVEL POR 30% DAS OCORRÊNCIAS POLICIAIS, 20% DOS ACIDENTES DE TRABALHO E 75% DOS ACIDENTES FATAIS DE TRÂNSITO

Outro fator estimulante ao consumo é todo o glamour associado ao ato de beber nesta idade. "Para os jovens, consumir álcool não é um hábito apenas socialmente aceitável, mas quase uma necessidade se eles quiserem participar dos grupos ao qual almejam pertencer. O bar se tornou o ponto de encontro usual para eles, o centro da sua vida social. Para alguns, o único que existe", escreve o psiquiatra irlandês John Cooney, especialista em dependência alcoólica, em seu livro Sóbrio (Ed. Nova Era).

Comportamento de risco
O consumo de álcool, por si só, pode trazer importantes prejuízos ao organismo e ao desenvolvimento do adolescente. Mas o hábito de beber muito e regularmente também está freqüentemente associado a uma série de comportamentos de risco que aumentam as chances de envolvimento em acidentes, violência sexual e até participação em gangues. "O consumo de bebidas alcoólicas na adolescência está fortemente associado a morte violenta, queda no desempenho escolar, dificuldades de aprendizado e prejuízos no desenvolvimento e estruturação das habili dades cognitivo-comportamentais e emcionais do jovem", alerta o psiquiatra Flávio Pechansky, da UFRGS.

"Os adolescentes, em comparação com os adultos, são mais sensíveis ao uso excessivo de álcool (ou seja, cinco ou mais doses, em média, por ocasião), como os efeitos neurotóxicos e a inibição da neurogênese (a fabricação de novos neurônios).

Assim, o cérebro do adolescente, que apresenta bastante plasticidade, pode sofrer mudanças duradouras e, conseqüentemente, pro vocar alteração de comportamento", explica o psiquiatra Arthur Guerra, doutor no assunto e fundador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da Universidade de São Paulo (Grea-USP).

Ele destaca também a ocorrência de "apagões", incidentes provocados pelo uso de álcool e caracterizados pela impossibilidade de evocar lembranças de um evento. Em uma fase marcada pelo aprendizado e pelo amadurecimento, um apagão desses pode prejudicar bastante o desenvolvimento cognitivo do jovem.

(0,2 a 0,3 g/l) As funções mentais começam a ficar comprometidas, prejudicando as noções de distância e velocidade.
(0,3 a 0,5 g/l) Sensação de relaxamento: a atenção e o campo visual diminuem.
(0,5 a 0,8 g/l) Reflexos retardados, aumento da agressividade e negligência em relação aos riscos.
(0,8 a 1,5 g/l) Dificuldade para dirigir, falta de coordenação motora e da concentração.
(1,5 a 2 g/l): Embriaguez, visão dupla.
(2 a 5 g/l): Embriaguez profunda.
(5 g/l): Coma alcoólico.

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