Ana Carolina Dani, enviada especial da RFI à China
Embora a diplomacia e o governo brasileiros tenham tentado demonstrar, durante a visita da presidente Dilma Rousseff, que a China está mais aberta à demanda brasileira, nem a declaração final dos BRICS nem o comunicado conjunto divulgado após o encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, mencionam apoio explícito às ambições do Brasil de obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.Ministro Antônio Patriota
No entanto, os BRICS reconhecem no texto a necessidade da reforma do Conselho e a “importância das aspirações do Brasil, Índia e África do Sul em ter um papel mais ativo junto às Nações Unidas”. Para o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, a mensagem está nas entrelinhas. “O parágrafo tem uma mensagem bastante eloquente. Na frase anterior, onde se fala do maior papel do Brasil, Índia e África do Sul, também se fala da reforma do Conselho de Segurança”, disse o ministro.
Patriota também frisou que houve consenso nos BRICS sobre a necessidade de privilegiar a via diplomática para resolver o conflito na Líbia, apesar de a África do Sul ter sido o único país do grupo a ter votado a favor da resolução 1973 da ONU; que autorizou os bombardeios internacionais contra as forças do dirigente Muammar Kadafi. Todos os outros países (Brasil, Rússia, India e China) preferiram a abstenção.
Fórum de Boao
A visita da presidente Dilma Rousseff à China entra em sua fase final nesta sexta-feira. A presidente deixa a cidade de Sanya, na ilha de Hainnan, onde participou da cúpula dos BRICS, em direção de Boao. Dilma vai participar da Conferência Anual do Fórum de Boao para a Ásia, cujo tema este ano será “desenvolvimento inclusivo: agenda comum e novos desafios”.
O fórum de Boao foi criado em 1998, como organização não-governamental, pelos ex-primeiros-ministros da Austrália e Japão, Robert Hawke e Morihiro Hosokawa; e pelo ex-presidente das Filipinas, Fidel Ramos. Esse é atualmente um dos mais importantes eventos que reúne líderes de governos, empresas e acadêmicos do continente asiático. Formalmente inaugurado em 2001, o fórum mantém, desde 2002, encontros anuais em Boao, na província de Hainan, no sul da China.
Segundo o Itamaraty, a participação da presidenta Dilma Rousseff em Boao vai possibilitar contatos de alto nível com importantes líderes da Ásia e outras regiões. Participarão da cerimônia de abertura do fórum, além do presidente da China, Hu Jintao, os presidentes da África do Sul e Rússia, os primeiros-ministros de Coreia do Sul, Espanha e Ucrânia, e o vice-primeiro-ministro da Nova Zelândia.
fontes: http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20110415-patriota-ameniza-reservas-da-china-entrada-do-brasil-no-conselho-de-seguranca-da-onu
POR CAMILA NATANI
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